O Brasil no Cenário Aeroespacial

 O Ministério da Aeronáutica já vinha dando atenção à área espacial desde 1961. As primeiras iniciativas foram para o desenvolvimento de pequenos foguetes para sondagens meteorológicas destinados à Força Aérea. O programa espacial brasileiro teve início naquela década.

Porém, somente muito mais tarde, em 1978 (quase 20 anos depois da formação das primeiras equipes de trabalho), foi aprovada pelo Governo Federal a proposta de realização de um estudo de viabilidade de uma Missão Espacial Completa Brasileira. A Presidência da República, no entanto, daria sua aprovação oficial somente no início da década de 1980.

Finalmente, em 1991, foi criado o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Atualmente cabe ao IAE o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), criado em 1971, o desenvolvimento dos satélites e das estações de solo correspondentes.

MISSÃO

A Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) é um programa integrado, visando o projeto, desenvolvimento, construção e operação de satélites de fabricação nacional, a serem colocados em órbitas baixas por um foguete projetado e construído no país e lançado de uma base situada no país.

O programa compreende o desenvolvimento e operação em órbita de seis satélites, com aplicação direcionada às necessidades do país, sendo três satélites de coleta de dados, dois de sensoriamento remoto e um de comunicações.

O primeiro foi o SCD1, que continua em atividade, tendo superado 10 anos e mais de 67 mil órbitas em torno da Terra. O SCD2 completou 36.952 órbitas em 22 de outubro de 2005, o equivalente a 2.177 viagens de ida e volta à Lua (veja mais no quadro abaixo).

Outro objetivo importante da MECB é o envolvimento da indústria brasileira. A participação começou com a fabricação de equipamentos de voo, passando ao desenvolvimento de subsistemas compostos e, futuramente, sistemas completos.

BASES DE LANÇAMENTO

O Primeiro Centro de Lançamentos entrou em operação em 1965. O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) situa-se a 5° 55′ de latitude sul e 35° 10′ de longitude oeste, no município de Parnamirim, próximo a Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte.

O nome Barreira do Inferno vem das falésias avermelhadas existentes até hoje no litoral. O CLBI possui estrutura suficiente para dar apoio técnico e operacional para lançamentos de veículos de sondagem, além de servir como estação de rastreio dos veículos lançadores e seus satélites.

A impossibilidade de expansão do CLBI em função do crescimento urbano de Natal foi um dos fatores que levou à realização de estudos para definição de um local mais adequado para a construção de mais uma base de foguetes.

Assim, durante a década de 1980, foi criado o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado na península de Alcântara, estado do Maranhão, a apenas 2° 18′ ao sul do equador (e 44° 22′ de longitude oeste).

Sua posição privilegiada possibilita aproveitar o máximo do movimento de rotação da Terra para impulsionar veículos orbitais, permitindo com isso grande economia de combustível, (estima-se uma vantagem entre 13% e 31% em relação a bases de lançamento como Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, e Baikonur, no Cazaquistão).

INPE 

O INPE surgiu no início dos anos 1960, motivado pelas expectativas que se criaram em torno das primeiras conquistas espaciais obtidas pela União Soviética e pelos Estados Unidos.


Em 1960, a Sociedade Interplanetária Brasileira (SIB) resolveu, durante a Reunião Interamericana de Pesquisas Espaciais, propor a criação de uma instituição civil de pesquisa espacial no país, e enviou uma carta ao então presidente da República, Jânio Quadros, sugerindo tal iniciativa. 

Em agosto de 1961, Jânio Quadros, entusiasmado com as iniciativas na área espacial, assinou o decreto que criaria o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), o embrião do que viria a ser o INPE, dando início às atividades espaciais no Brasil.

Segue os principais objetivos do INPE:

1. Ampliar e consolidar competências em ciência, tecnologia e inovação nas áreas espacial e do ambiente terrestre para responder a desafios nacionais.

2. Desenvolver, em âmbito mundial, liderança científica e tecnológica nas áreas espacial e do ambiente terrestre enfatizando as especificidades brasileiras.

3. Ampliar e consolidar competências em previsão de tempo e clima e em mudanças ambientais globais.

4. Consolidar a atuação do INPE como instituição singular no desenvolvimento de satélites e tecnologias espaciais.

5. Promover uma política espacial para a indústria visando atender às necessidades de desenvolvimento de serviços, tecnologias e sistemas espaciais.

6. Fortalecer o relacionamento institucional do INPE em âmbitos nacional e internacional.

7. Prover a infra-estrutura adequada para o desenvolvimento científico e tecnológico.

8. Estabelecer uma política de recursos humanos para o INPE, baseada na gestão estratégica de competências e de pessoas.

9. Identificar e implantar modelo gerencial e institucional, adequado às especificidades e desafios que se apresentam para o INPE.

 


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